A estranha Curitiba da terrível medida da pintura padronizada nos ônibus imposta a troco de uns BRTs superlotados e motoristas divididos entre a condução e a cobrança de passagens, dos feminicidas que matam namoradas na rua durante o dia, que impulsiona a cafonice dos ratinhos e dos chitões e xororós que se acham possuidores de "alta cultura", a Curitiba que quer ser progressista mas sofre com tamanhos retrocessos enfrenta mais um problema sério.
Pois nos últimos dias a polícia do governador do Paraná, Beto Richa, e seu secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, conhecido por sua truculência, reprimiu uma manifestação pacífica de professores em greve que apenas pediam melhores condições de trabalho e aumento salarial.
Foram cem feridos, além de muitos detidos, sem falar das bombas de efeito moral e outros meios de intimidar quem estivesse na frente. Parecia que Curitiba ainda vivia sob a ditadura militar, e isso faz sentido: Beto Richa é filho do falecido José Richa, político de Londrina que chegou a Curitiba sob o apadrinhamento político de Jaime Lerner, filhote da ditadura tido como "arquiteto progressista".
A repressão policial anda repercutindo de forma negativa e revela mais uma vez a crise que o Brasil vive e que o "movimento espírita" não previu nem consegue admitir. Até porque a própria religião vive uma séria crise acumulada pelos defeitos e erros desenvolvidos ao longo de 131 anos.
Para o "movimento espírita", se os professores têm salários baixos que mal conseguem fazer pagar as contas e dar qualidade de vida para si e suas famílias, e ainda por cima sofrem uma degradante rotina de trabalho, quando precisam trabalhar para receber apenas um pouco mais do que o pouco que recebem, a recomendação é apenas o "silêncio da prece", a "resignação" e a "abnegação".
E é justamente quando surgem boatos sobre o aparecimento do "Emmanuel reencarnado", atribuindo a um Guilherme Romano que, com toda a segurança, nega tal condição (até porque o sereno Guilherme não tem a índole severa do rígido e temperamental Emmanuel), é que surge esse terrível incidente justamente contra a classe comprometida com a Educação.
Para piorar, os próprios policiais foram ordenados a agir assim, sob pena de serem presos por desacato às autoridades. A polícia simplesmente tinha que agir batendo em professores e atirando bombas de efeito moral, as ordens vem do próprio governo do Paraná.
O Brasil vive uma crise de valores que vem das elites que controlam o poder político, o poder midiático e outras esferas de poder ou de processos que vão desde as decisões de caráter tecnocrático até às personalidades tidas como formadoras de opinião e de gosto popular.
A ação ultraconservadora de Beto Richa mostra essa crise de valores e como as elites reacionárias encontram mecanismos para chegarem ou se mantiverem no poder, e quando são ameaçados nos seus interesses e abusos, reagem de forma violenta e intolerante.
Isso mostra o quanto o buraco está mais embaixo no Brasil e que os sonhos de uma boa parcela de "espíritas" em ver o país comandando a comunidade das nações praticamente foi por água abaixo. Sabemos que dizer isso criaria, nos chorosos "espíritas", verdadeira enchente lacrimosa, mas é melhor que se tenha consciência da realidade ruim do que acreditar em fantasias. É admitindo que tudo está errado que se cria coragem para encarar um problema e, talvez, resolvê-lo.
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