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Propaganda de filme 'Sobrenatural' é um recado para Chico Xavier

Fora do Brasil, os assuntos sobre espíritos do além, por mais que envolvam fantasias e alegorias surreais, envolvem um conteúdo mais realista do que as abordagens "espíritas" conhecidas no Brasil.

Por mais que hajam hipérboles ficcionais e outros recursos pitorescos, a ficção paranormal, na pior das hipóteses, assume essas licenças fictícias, enquanto as fantasias que de fato existem nas abordagens "espíritas", como no livro Nosso Lar, são tidas como "verídicas", "realistas" e, pasmem, do "mais fidedigno conteúdo científico". Vá entender...

Aí vem o cartaz promocional do filme de longa metragem Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3) - não confundir com o seriado Sobrenatural (Supernatural), da Warner - , continuação de outros dois longas metragens, relacionados às tragédias da família Lambert que espiritualmente influenciam uma casa mal-assombrada.

No cartaz, há a frase da personagem Elsie Rainier apelando para a jovem Quinn Brenner não chamar a falecida mãe desta, Lilith, que aliás procura contato com a filha. A frase é simplesmente esta: "Se você chama a um dos mortos, todos eles podem ouvi-lo".

O que um filme de terror sobrenatural pode nos ensinar, diante da bagunça que é o "movimento espírita" brasileiro, iniciada pelo "todo iluminado" Chico Xavier, visto como acima de tudo e de todos, acima do bem e do mal e sobretudo acima de todos os obstáculos?

Simples. A inclinação um tanto esquizofrênica do "espiritismo" brasileiro fez com que a mediunidade fosse um processo "qualquer nota", sem o menor controle na evocação dos espíritos. Faz-se desde fraudes mediúnicas da imaginação fértil dos supostos médiuns até a atração de médicos nazistas para curas mediúnicas de valor muito duvidoso. 

Para tornar a coisa ainda mais catastrófica, nesse "espiritismo" que os incautos julgam ser "doutrina de amor, paz e sabedoria", Chico Xavier, corroborando seu mentor Emmanuel, divulgou que não se deve evocar os espíritos, esperando que o "telefone toque do lado de lá".

Mas, como assim? O filme disse para não chamar um espírito de alguém. Aí Emmanuel diz para também não evocar espíritos, porque "não seria espontâneo". Emmanuel necessariamente concordou com a advertência do filme? Por incrível que pareça, não.

EXPLICANDO AS COISAS

O que Elsie suplicou para a Quinn é o que, na verdade, se pede para os familiares que recorrem ao  dito "carteiro de Deus". A recomenda de não evocar espíritos não se trata de uma rejeição do ato em si, mas da rejeição da forma arriscada com que se faz muito no Brasil.

Aqui, apesar de não recomendada, a evocação dos espíritos, entregue a critérios "espontâneos", torna-se uma prática maliciosa. Através da ação irresponsável de Francisco Cândido Xavier, a evocação dos mortos virou uma bagunça, em que mensagens sem a menor contribuição deles é produzida em seu nome, enquanto espíritos traiçoeiros aproveitam a farra para se divertirem.

Fala-se tanto de Chico Xavier como figura iluminada, ser puro, criatura superior etc, mas algumas de suas fotos mostram ele com semblante bastante pesado. Há uma foto de 1935 em que ele olha de frente, sem óculos, que é bastante assustadora.

Daí que, diante dessa doutrina bagunçada que acontece no Brasil, os espíritos "trevosos" - que mais parecem sócios dessa empreitada e dispostos a encenar, do além, o teatrinho dos rituais de "desobsessão" em muitos "centros espíritas" - acabam dando muitas sugestões para os médiuns fingirem que recebem entes queridos das famílias atendidas para fazer falsas psicografias.

Allan Kardec, por outro lado, recomendava a evocação dos espíritos, e orientava para que a prática fosse livremente feita, desde que com cautela e responsabilidade. Daí um livro inteiro para isso, O Livro dos Médiuns, que era conhecido também como "guia dos evocadores". 

Evocar um espírito específico torna-se um critério específico que diminui as chances de quaisquer espíritos, principalmente os mais zombeteiros e perniciosos, se comunicarem com os médiuns. Pelo menos, estabelecendo uma identidade específica, as chances de haver um "trote telefônico do lado de lá", se não anulam, têm consideravel chance de se reduzirem.

Já o contraditório Emmanuel desaconselhava a evocação dos espíritos porque achava isso "muita apelação". No entanto, quando esperamos "o contato de lá", sem sabermos que a ânsia pela mensagem "espontânea" do espírito já é uma evocação, a nossa indeterminação abre margem para os "trotes telefônicos do além" através de zombeteiros que se podem passar por quaisquer pessoas.

Foram essas sugestões de espíritos zombeteiros que fizeram com que Chico Xavier usasse o nome de Humberto de Campos, autor popular nos anos 1930 que causou comoção com sua morte prematura (o escritor tinha apenas 48 anos), se aproveitando do prestígio do autor maranhense para forjar falsas psicografias e vender mais através desse sensacionalismo.

Quem compara as obras de Humberto de Campos deixadas em vida e as que se atribui ao seu espírito, pode notar, com a máxima segurança, que os estilos são completamente diferentes entre si. Nem é preciso ser estudioso em literatura, basta ter um hábito de ler os livros de um e de outro para ver aberrantes contrastes de linguagem, abordagem, referências e tudo o mais.

Os "irmãozinhos sofredores", liderados pelo tirânico Emmanuel, seguramente intuíram o caipira mineiro para essa usurpação, uma verdadeira crueldade feita pelo "bom homem de Pedro Leopoldo e depois de Uberaba", e ainda garantiram para seu "pupilo" de que nada de ruim lhe aconteceria, e que cedo ou tarde Humberto de Campos passaria a ser propriedade de Chico Xavier.

Sim, infelizmente. Você vai para a busca de linques do Google e na primeira página já tem nomes relacionados a ele no "espiritismo", como Chico Xavier e Bezerra de Menezes, que nunca tiveram qualquer relação com Humberto de Campos, nem mesmo de afinidade.

Daí a grande bagunça que isso causou. Chico Xavier criou tumultos terríveis e impróprios com a evocação leviana de espíritos, de forma ainda pior e mais obsessiva do que a que Elsie temia que fosse agir a jovem Quinn, no referido filme de terror paranormal.

Pois a "não-evocação" dos espíritos aconselhada por Emmanuel não impediu que as portas fossem abertas para qualquer um e o que se viu são espíritos dos mais traiçoeiros influindo, do além, para a desordem que fez o "espiritismo" no Brasil ser a pior das religiões existentes no país.

Isso porque o próprio Chico Xavier, leitor de livros, com sua obsessão infantil de garoto de 22 anos decidiu usurpar nomes dos mais diversos poetas falecidos para montar um pastiche poético, Parnaso de Além-Túmulo, uma "obra perfeita" de "elevadas mensagens espirituais" que foi remendada cinco vezes, por motivos não raro bastante fúteis e num espaço de quase duas décadas e meia.

E aí Chico passou a evocar espíritos de famosos, não-famosos e aí fez toda as falsas mediunidades, se aproveitando apenas de frágeis dons paranormais, que praticamente só o permitiam entrar em contato com sua mãe, Maria João de Deus, e o padre Emmanuel. Tinha habilidades limitadas, mas acabou se transformando no "super-médium" com reputação quase divina entre seus fanáticos seguidores.

Com isso, através do Chico Xavier que seus seguidores não querem que seja criticado, o "espiritismo" brasileiro virou a bagunça que é, se tornando praticamente um gigantesco parque de diversões dos espíritos traiçoeiros, desses que cometem crueldades nos filmes de terror. 

Quando Chico Xavier chamava por um espírito, todos os piores não só puderam ouvir, como também entravam na festa e simplesmente se divertiam por conta das inúmeras confusões causadas em nome da "doutrina do amor e da caridade".

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