O medievalismo trazido por Chico Xavier - que nunca largou a sua verdadeira fé, o Catolicismo medieval - embutiu na doutrina um senso de moralidade muito arcaico, retrógrado e atrasado. Mas como Xavier veio depois de Kardec, foi considerado um "modernizador", apesar de seus dogmas serem não somente caquéticos como opostos aos do professor lionês, este de fato um modernizador além de seu tempo.
As consequências de se permitir que um beato medieval desse pitacos na Doutrina Espírita tem sido as piores possíveis. Para começar, Xavier e seus sucessores e seguidores podem ser responsabilizados por travar a evolução humana, eliminando a racionalidade, trocando-a pela fé cega e por um moralismo ultra-conservador que não raramente chega a ser bastante nocivo à humanidade.
Visitando as comunidades do Facebook dedicadas à doutrina, ficamos pasmos em descobrir que o "Espiritismo" brasileiro não somente se tornou deturpado, como assimilou conceitos que parecem ter vindo das seitas neo-pentecostais. A saber:
- Condenação ao aborto em qualquer situação, mesmo em caso de estupro;
- Criminalização do suicídio, sem a iniciativa de tentar resolver o problema que possa causá-lo;
- Condenação do sexo como entretenimento, sob justificativa de que "atrai energias negativas";
- Colocação de culpa nas vítimas de qualquer ato, usando a reencarnação anterior como desculpa;
- Reprovação de políticas progressistas e adesão ao ganancioso neoliberalismo;
- Proibição da utilização plena da racionalidade; Ciência somente usada para legitimar dogmas resultantes da fé cega, nunca para analisá-los ou contestá-los;
- Hierarquização da humanidade, separada em "superiores" e inferiores";
- Punitivismo para quem "erra" e recompensa para os que "acertam". Separação dos seres humanos em bons e maus, com os mesmos critérios das obras de ficção;
- Divinização das lideranças "espíritas". médiuns seriam representantes de Deus na Terra. Como tais, seriam mais do que perfeitos e absolutamente infalíveis, sempre tendo razão naquilo que dizem;
- Exaltação da Teologia do Sofrimento, alegando que somente a dor é o caminho seguro para uma suposta felicidade futura, esta constantemente adiada;
- Construção do mundo espiritual com características materiais, dando "esperança" para os que tem a felicidade adiada, podendo fazer depois o que deveria ser feito agora;
- Obediência cega a Deus, sem questionamento, sem análise, sem verificação. Mesmo sem ter a existência comprovada, Deus deve ser acatado a todo o custo, mesmo que as consequências desse obediência não sejam boas.
Estas e outros dogmas inseridos no "Espiritismo" brasileiro mostram que a doutrina se afasta cada vez mais de Allan Kardec, reduzido a um objeto de bajulação e a um cartório a legitimar bobagens.
Na verdade, a doutrina se converte a um neo-pentecostalismo enrustido - seria Emmanuel da Nóbrega o "Espírito Santo" da doutrina? - e com isso acelera seu caminho para o precipício, favorecendo ainda mais a grande apostasia que acontece. O trabalho de Allan Kardec foi em vão, infelizmente.
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