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O jogo duplo dos "espíritas" brasileiros

ALLAN KARDEC - MUITO BAJULADO, POUCO SEGUIDO.

A hipocrisia anda dominando no "movimento espírita" brasileiro. Desde que a reputação de Jean-Baptiste Roustaing, antes dominante entre os "espíritas", reduziu-se quase por completo - ele só é apreciado pelo "alto clero" da Federação "Espírita" Brasileira - , o "movimento espírita" passou a adotar uma postura dúbia, contraditória e, portanto, hipócrita.

A tendência tem cerca de 40 anos, quando a crise do roustanguismo no Brasil se agravou diante do conflito entre a cúpula da FEB, representada pelo então presidente Francisco Thiesen e seu principal parceiro, Luciano dos Anjos, e os demais líderes e astros "espíritas", que acusavam a tendência roustanguista de impedir a autonomia das federações "espíritas" regionais.

Com isso, o roustanguismo se fechou em termos políticos, não bastassem duas polêmicas bastante pesadas, como a tese do "Jesus fluídico" - Jesus foi apenas um "fantasminha camarada" que esteve entre nós, espécie de Gasparzinho missionário - e dos tais "criptógamos carnudos", que era o castigo de que, se não comportássemos direitinho, reencarnaríamos como vermes, insetos ou vírus.

E aí os antigos roustanguistas entusiasmados resolveram dar uma de espertos e fingir que nunca se interessaram no advogado francês que lançou Os Quatro Evangelhos. Passaram então a assumir, de forma bem malandra, uma postura dúbia, fazendo um jogo duplo ideológico.

Assim, até mesmo Chico Xavier e Divaldo Franco entraram nesse "trem da alegria espírita", jurando de pés juntos que sempre foram "rigorosa, absoluta, inabalável e completamente fiéis" ao pensamento científico de Allan Kardec e que eram não só "seus maiores e mais autênticos seguidores" como os "mais dedicados defensores" de sua causa e de seu pensamento.

É claro que isso é uma mentira muito escancarada. Afinal, é só ler os livros do sr. Francisco Cândido Xavier, mesmo apressadamente, e verificar que tudo o que neles está escrito contraria de maneira aberrante o pensamento trazido com muito trabalho pelo pedagogo francês que era poliglota e estudou de Johann Heinrich Pestalozzi até Franz Anton Mesmer.

Lendo não só Chico Xavier, mas Divaldo Franco e similares - tem até mesmo um caricato Raul Seixas sob o codinome Zílio, personagem debiloide trazido por Nelson Moraes - , nota-se a bagunça doutrinária que NADA tem a ver com o pensamento cuidadosamente sistematizado por Allan Kardec, que com muito trabalho e investimentos só dele, estudou a questão da vida espiritual.

Enquanto Kardec trabalhava a questão do mundo espiritual com o cuidado cirúrgico de um cientista, seus "fiéis seguidores" realizam um bacanal de lambanças doutrinárias, supondo um mundo espiritual imaginário que mais parece ficção científica ruim misturada com medievalismo religioso.

Temos que admitir que são lambanças, mesmo, embora muitos venham a classificar o termo como bastante grosseiro. Mas as deturpações que Chico Xavier, Divaldo Franco e similares fazem com a Doutrina Espírita são as mais grosseiras e brutais possíveis, e isso não é uma constatação de quem sente raivinha ou horror a eles, mesmo quem os respeita pode constatar essa bagunça doutrinária.

A mediunidade eles não fazem. O que entende-se como "mediunidade" no Brasil é a produção de mensagens ou expressões artísticas vindas da imaginação do próprio "médium", geralmente feitas sob algum propagandismo religioso ou sob um pretexto supostamente filantrópico (como nas pinturas "mediúnicas", verdadeiras expressões de falsidade ideológica).

O próprio sentido de médium foi deturpado, quando Chico Xavier e Divaldo Franco quiseram dar uma de dublês de filósofos, se aproveitando da ignorância e desinformação muito comuns entre os brasileiros, e viraram "celebridades" com seu arremedo de "filosofia barata", impondo valores moralistas e recusando-se a agir como meros intermediários no contato entre vivos e mortos.

Os "espíritas" complicam ainda mais as coisas tentando defender a Ciência Espírita, fingindo concordar com as mais coerentes e rigorosas teorias espíritas e fingir que apoiam as declarações de Erasto feitas, por outro médium, a Allan Kardec.

Erasto condenou os deturpadores do Espiritismo, os inimigos que agiam dentro da causa. Os "espíritas" brasileiros fingem que não é com eles, e também se passam por "inimigos da deturpação", enquanto deturpam até as entranhas da Doutrina Espírita com apetite voraz.

Eles até adotam uma estratégia. Enchem de textos "teóricos" defendendo o cientificismo de Kardec. Alegam que só o Espiritismo sistematizado por Kardec é o único. Falam mal de "mistificações" e reprovam a "igrejificação" da Doutrina Espírita, chegando a condenar a transformação no Espiritismo num "novo Vaticano".

Fazem isso mas depois vão felizes da vida exaltar Chico Xavier, que foi o maior responsável dessa "vaticanização espírita". Evocam Chico, com Emmanuel e tudo. Esquecem que o anti-médium mineiro era católico de carteirinha, dos mais fanáticos, colecionava imagens de santos (materialismo puro), tinha altar para rezar o terço, e condenar o igrejismo e exaltar o igrejista soa contradição.

Geralmente eles bombardeiam com todo texto que dê a falsa impressão de que eles seguem o pensamento de Kardec direitinho. Uma grande sequência de textos neste sentido é publicada na Internet, com respaldos à ciência e tudo. Até que, quando o momento permite, eles jogam alguma coisa ligada a Chico Xavier, Divaldo, Emmanuel e tudo.

Isso é uma grande contradição, afinal sabe-se que Chico Xavier e Divaldo Franco difundiram e popularizaram coisas que claramente contrariam, e contrariam da forma mais grave e preocupante, o pensamento kardeciano. É só deixar o deslumbramento fácil e sujeito a cegueiras e más interpretações de lado para perceber o quanto os anti-médiuns são anti-kardecianos.

Basta apenas comparar os livros de Chico e Divaldo com os de Kardec (traduções da LAKE, feitas por Herculano Pires ou seus parceiros; para quem entende francês melhor ainda, através dos originais do autor) para ver que as contradições dos dois "médiuns" com o pensamento kardeciano não são invencionice de moleque raivoso. 

Essas contradições existem e são infinitamente muitas e aberrantes. Daí que o "espiritismo" que gira nas órbitas de Chico Xavier e Divaldo Franco não pode ser, de forma nenhuma, considerado "fiel a Allan Kardec", por mais que seus integrantes insistam em sucessivas postagens na Internet e em artigos e palestras diversos. As ideias transmitidas pelos dois provam a traição total a Kardec.

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