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O impiedoso "espiritismo" brasileiro pede perdão


Depois de tanto cometer erros de propósito, vários deles graves e criadores de vergonhosos escândalos, o "movimento espírita" tenta reagir às merecidas críticas com uma enxurrada de postagens, na Internet, que forjam seu bom-mocismo.

Há mensagens bonitinhas sobre "qualidade de vida" e listinhas de dicas para o "bem viver". Só falta lançarem a camiseta - provavelmente à venda, cujo dinheiro será destinado à "caridade" - brincando com o lema de Johnny Walker: "Keep Calm and Ore em Silêncio" (sic).

Logo eles, que pregam a apologia do sofrimento, se acham na autoridade do "bem viver", tendo a pretensão de supor fórmulas prontas para uma vida melhor dentro de um mundo turbulento em que vivemos. Turbulência que é resultante de tantos fanatismos religiosos e surrealismos místicos que influem na imbecilização crescente e no aumento do egoísmo e da violência.

Os "espíritas" querem nos fazer esquecer que a "religião de Chico Xavier" - que antes era a "religião" de Bezerra de Menezes e Dias da Cruz ("espírita" tão "importante" que hoje só é conhecido como nome de rua no bairro carioca do Méier) - sempre foi uma combinação da ideologia moralista do Catolicismo medieval português com o que havia de pior nas práticas hereges clandestinas.

Ou seja, de um lado, o repertório moralista, com seus dogmas e ritos, trazido pelos católicos medievais que tinham em Portugal seu último reduto mesmo depois da Revolução Industrial. De outro, o que havia de mais sombrio e macabro do heretismo das bruxarias, do ocultismo pagão, do misticismo desenfreado.

Dessa forma, o lado ideológico passou a ser conhecido como a "doutrina espírita" brasileira, e o lado místico passou a ser a sua "mediunidade". Durante anos rejeitando o pensamento científico de Allan Kardec, o "movimento espírita", nos últimos 40 anos, tenta nos convencer de que sempre foi fiel ao pedagogo francês.

Isto é uma mentira tão descarada que rebaixa o "espiritismo" ao grau inferior às piores seitas neo-pentecostais. Pois os "espíritas" tentam todo um aparato de "fidelidade a Allan Kardec" para depois, felizes da vida, exaltarem figuras suspeitas como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco.

Esses dois escreveram livros que contrariam severamente o pensamento de Allan Kardec. Se ele estivesse vivo, ele teria dito algo do tipo: "É certo que esses livros possuem mensagens positivas de solidariedade e paz, mas suas abordagens apelam para incoerências e absurdos que podem confundir o leitor, seduzido por conceitos e valores que não encontram respaldo na realidade".

O emburrecimento doutrinário que o Catolicismo realizou na Idade Média encontrou equivalente no "espiritismo" que, no alvorecer republicano tardiamente conhecido pelos historiadores como República Velha, já fazia no Brasil o que os medievais tentaram fazer na Europa.

Apenas as diferenças de contexto fizeram os "espíritas", em vez de "darem surra" nos opositores como os medievais europeus, "levarem surra" de católicos ortodoxos embora não necessariamente medievais. Isso permitiu ao "espiritismo" maquiar seu moralismo retrógrado com certo coitadismo e bom-mocismo.

Pior: os "espíritas" passaram a posar de "anti-medievais", falando mal do imperador Constantino, chutando "cachorros-mortos" da aristocracia medieval, e, em certos momentos, cuspindo nos próprios pratos em que comeram condenando a "igrejificação" e a "vaticanização" do "espiritismo". Logo eles, que tentam criticar nos outros aquilo que eles mesmos fazem.

Criaram em Chico Xavier, um católico que só era heterodoxo porque era paranormal, mas mesmo assim, como ideologia, professava um Catolicismo tão medieval quanto de seus primeiros opositores, um suposto profeta futurista e um falso pensador espírita, chegando à mais absurda e absolutamente ilógica tese de que ele foi reencarnação de Allan Kardec.

Foi Chico Xavier que promoveu tantas confusões e escândalos, causou tanta bagunça dentro e fora do Espiritismo, e mesmo dentro e fora do Catolicismo, que ele bem que poderia ter o repúdio que uma certa parcela da sociedade reserva para Lula, Dilma Rousseff, José Dirceu e José Genoíno. Mas se ninguém se opõe para valer a Eduardo Cunha e ainda acha Jair Bolsonaro um "herói"...

A partir de Chico Xavier, o "espiritismo" brasileiro - com minúsculas e entre aspas - tornou-se uma religião azarenta. Mesmo seus apaixonados devotos acabam atraindo para si tragédias desnecessárias, perdendo seus mais preciosos filhos que, com tanta coisa para fazer, morrem muito cedo em acidentes diversos.

As pessoas buscam tratamento espiritual, leem os livros de Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia, se comportam como débeis mentais olhando para cima, de braços abertos, agradecendo a Deus por nada, cantando as musiquinhas, cumprimentando as pessoas, se julgando felizes, tentando obter as melhores energias vibratórias. Tudo isso em vão.

É o jovem que, num debate sem muita importância na Internet, atrai inimigos do nada. É o adulto que conquista a mulher dos seus sonhos para se tornar viúvo pouco tempo depois. É o homem que ganha seu primeiro salário que é roubado em um assalto. É o caixeiro viajante que perde o irmão assassinado por outrem.

Aderir ao "espiritismo" é pior do que passar debaixo de uma escada. É até cruel dizer que gato preto dá azar, porque muitos desses gatos são belos e atraentes e são animais que até inspiram a imaginação voluptuosa dos poetas, devido aos passos sensuais dos bichanos.

Nem quebrar espelho traz tanto mau agouro assim. Agora um livro de Emmanuel, com mensagens "das mais elevadas", traz mau agouro e azar, afasta o leitor dos melhores amigos, alguns falecidos, outros perdidos na distância dos quilômetros e das multidões, e atrai para quem o lê falsos amigos, chefes desumanos e inimigos traiçoeiros e vingativos.

São livros de abordagens históricas cheias de erros grosseiros, tão grosseiros que crueldade não é condenar tais publicações, mas dizer que elas valem pelas "mensagens positivas de amor (?!)". Emburrecer e mentir por amor é válido? E que evolução espiritual se espera nisso, com tantos dados que contrariam a lógica, a ética, a coerência dos fatos?

Vai Chico Xavier e faz falsidade ideológica usando o nome de Humberto de Campos e todo muito aceita. Vai Wantuil na FEB defender essa falsidade ideológica dizendo que "nada tem de ofensiva" e tudo fica nisso mesmo, para o escritor maranhense que fez O Brasil Anedótico e tantas excelentes obras se reduzir a um subproduto de um delirante católico de Pedro Leopoldo. Absurdo!

E tantos erros, de extrema gravidade, que geraram danos imensos nas pessoas que não sentem a dor e os prejuízos que o chiquismo produziu, muitas vezes com a intenção proposital digna de canalhas, têm que ser aceitos no maior espírito de misericórdia e compaixão.

É como se um motorista de ônibus bêbado e fanfarrão tivesse causado um sério acidente, em que quase todo mundo morreu, passageiros e cobrador, exceto o condutor, que implora que o desculpem e o mantenham no emprego, porque cometeu um "errinho de nada". Ele continua bebendo antes de dirigir, mas escreve poeminhas tentando convencer os outros o quanto ele é "bonzinho".

Isso é o "espiritismo" brasileiro, o impiedoso "espiritismo" que permite que ceifem as vidas dos entes queridos que poderiam muito bem viver mais para contribuir para o progresso do país. A imperdoável doutrina brasileira que agora suplica, implora, pede chorando que a perdoássemos pelos gravíssimos erros que cometeu em 131 anos.

Querem que a gente aceite essa doutrina e deixe tudo como está. Querem que a gente se cale na hora de criticar, e apenas ore para que canalhas e canastrões, a exemplo dos algozes do dia a dia, banquem os "bonzinhos" no dia seguinte. Querem que o "espiritismo" brasileiro espalhe burrice e corrupção e ainda seja louvado por isso. 

Misericórdia é, para os algozes, calhordas e canalhas, a moeda que eles cobram das vítimas. E é assim que pensava o Catolicismo medieval, base ideológica do "espiritismo" que temos e que na prática há muito tempo rompeu com o mesmo Allan Kardec que dizem ser seu inabalável e respeitado mestre. Falar é muito fácil, e os "espíritas" só fazem falar.

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