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A "caridade" de Chico Xavier que ninguém viu mas todo mundo acredita

A imagem de "caridoso" atribuída a Francisco Cândido Xavier é um dogma do qual os argumentos são muito vagos, sem o fundamento necessário para checar se realmente ações sociais foram feitas ou tal suposta prática não seria um artifício para livrar o "médium" de acusações de fraudador literário, charlatão e reacionário (vide o radical apoio que ele deu à ditadura militar, do começo ao fim).

Não há números exatos, não há argumentos concretos nem seguros. São apenas alegações jogadas ao vento, como "ele doou os direitos autorais para a caridade", "ele ajudou milhares de pessoas" ou "ele trouxe esperança e conforto para os aflitos". Tudo no âmbito da especulação, da suposição, algo que já deveria causar desconfiança há muito tempo, não fosse a fascinação obsessiva que Chico Xavier exerce até nos simpatizantes mais distanciados.

Em verdade, essa "caridade" nunca aconteceu. Ela é tão falsa quanto qualquer filantropia de programa de TV, feita para atrair audiência e promover as vendas dos anunciantes. O próprio Chico Xavier mais parece um mito de novela, e há quem diga que não foi o ator Nelson Xavier quem primeiro fez o papel de Chico Xavier, mas foi Chico Xavier que queria fazer papel de "velho bonachão" à maneira do que o falecido ator fez nas novelas da Globo.

As ações de aparente filantropia atribuídas a Chico Xavier são, na verdade, ações que nem de longe partiram da iniciativa direta ou indireta dele, porque eram feitas por terceiros e, mesmo assim, em caráter paliativo ou tendencioso. Além disso, eram verdadeiras jogadas de marketing para fazer de um mistificador religioso e deturpador da causa espírita uma pretensa unanimidade que, de maneira constrangedora, contagia até esquerdistas e ateus mais ingênuos.

Vamos questionar as principais ações de suposta caridade atribuídas a Chico Xavier, explicando que sua missão nunca foi a de "ajudar o próximo", mas apenas a de virar um pretenso ídolo religioso para alimentar o poderio abusivo da Federação "Espírita" Brasileira, apelidada pejorativamente de "Vaticano espírita".

DIREITOS AUTORAIS PARA OS CHEFÕES DA FEB

A suposição de que Chico Xavier abriu mão de ganhar dinheiro pela venda de seus livros nem de longe pode ser considerado um voto de pobreza. Até porque Chico Xavier vivia num significativo conforto, sustentado pela FEB e pela União "Espírita" Mineira. Esse "voto de pobreza" nunca existiu e mesmo quando os adeptos do "médium" defendem essa tese, suas argumentações soam sempre confusas e falhas, sempre desprovidas de qualquer fundamentação e embasamento.

A verdade é que o dinheiro dos direitos autorais foi para os cofres dos dirigentes da FEB, enriquecendo seus chefes e quase nada sendo distribuído para os pobres. É algo que Madre Teresa de Calcutá fez com sua suposta caridade, quando as doações que ela recebeu foram transferidas para o patrimônio financeiro dos dirigentes do Vaticano original, a cúpula da Igreja Católica no mundo.

Devemos nos lembrar que, com a grandiloquência com que se fala da "caridade" de Chico Xavier, as pessoas pressupõem que havia tido uma grande transformação social em todo o Brasil. Mas isso em nenhum momento aconteceu jamais, e olha que Chico Xavier é adorado e apreciado à exaustão, não se podendo dizer que o Brasil sofre miséria e violência "pela falta de Chico Xavier no coração dos brasileiros".

DONATIVOS FEITOS POR OUTRAS PESSOAS, NÃO PELO "MÉDIUM"

A burrice reinante em todo o país faz com que as pessoas que compram mantimentos, pegam roupas usadas e remédios sem uso para doar "para a caridade" pensem que foi o ídolo religioso, e não elas, que doou esses bens e outros de utilidade similar para os pobres. Daí, por exemplo, a adoração a Chico Xavier, feito uma cigarra que se promove às custas do trabalho das formigas.

Lembremos que, além de Chico Xavier não ter contribuído sequer com um único fio de cabelo para "ajudar o próximo", sendo todo o serviço, ainda que medíocre e paliativo, feito por seus seguidores e simpatizantes, essa "caridade" nunca realizou qualquer tipo de transformação real na vida das pessoas.

Isso é tão certo que é bom prestar atenção nos pobres que aparecem nos eventos "espíritas" de doações filantrópicas: os pobres são quase sempre os mesmos, o que mostra que a tão festejada "caridade" foi simplesmente inútil. Enquanto os mantimentos se esgotam em poucas semanas, os "espíritas" continuam comemorando aquela ação que resultou nos benefícios que já se esgotaram na vida dos miseráveis, que em pouco tempo voltam a conviver com a fome, a doença e a desolação.

Como adepto da Teologia do Sofrimento, Chico Xavier não se preocupava em fazer "caridade" para mudar vidas. Em sua obra doutrinária, ele era até chato em dizer para os oprimidos "não reclamarem da vida", "aguentarem o sofrimento sem queixumes" e "esperar o socorro de Deus com preces ditas em silêncio". Afinal, conforme a positividade tóxica que era a tônica do "pensamento" de Chico Xavier, os oprimidos não podem atrapalhar a felicidade dos privilegiados, tendo que aguentar suas desgraças quietos e resignados.

"CARTAS MEDIÚNICAS": CORTINA DE FUMAÇA, SENSACIONALISMO E OBSESSÕES ESPIRITUAIS PERIGOSAS

A dita "maior caridade" de Chico Xavier nunca passou de um ato extremamente leviano e que seria reprovado severamente pela obra originalmente kardeciana. As chamadas "cartas mediúnicas" de Chico Xavier, usando os nomes e dados de pessoas comuns falecidas, são um conjunto de procedimentos negativos que envolvem sentimentos tóxicos de mistificação e deslumbramento religioso.

As "cartas mediúnicas" serviram, inicialmente, para promover sensacionalismo, dando publicidade a Chico Xavier através da "imprensa marrom", que se identificou tremendamente com a figura conservadora do "médium". Chico Xavier, por sua vez, pela "lei da atração" atraiu para si delegados e policiais, o que diz muito para a tese de que o "médium" que mais defendeu a ditadura militar, se vivesse nos nossos dias, teria sido um bolsonarista dos mais radicais, para desespero dos que estão acostumados com o mito dócil do "médium bonzinho".

Vários problemas envolvem as "cartas mediúnicas". O primeiro deles é que elas são fraudulentas, como toda "psicografia" de Chico Xavier que apresenta problemas sérios em relação a dados pessoais relacionados aos supostos autores espirituais, famosos ou não. Um raciocínio lógico não tem dificuldade em identificar em tais obras um trabalho fake, como nas fake news de hoje em dia. Ou seja, os "autores espirituais" alegados na obra de Chico Xavier são falsos. Quem escreveu tudo foi o "médium" e os dirigentes da FEB, além de colaboradores como Waldo Vieira, por exemplo.

As "cartas mediúnicas" sempre foram um artifício para mascarar o charlatanismo de Chico Xavier, usando nomes comuns para evitar que se vaze a lembrança dos conselhos da Codificação, dos quais o uso de nomes famosos em obras mistificadoras seria um artifício para enganar, intimidar e dominar as pessoas. Na tentativa de evitar esse impasse, Chico Xavier passou a escrever também usando os nomes de pessoas comuns.

Essas práticas foram intensificadas quando a ditadura militar estava na sua mais aguda crise, com o fracasso do "milagre brasileiro" e do AI-5. Para evitar a revolta popular que poderia fazer extinguir a ditadura, e para combater as ações do Catolicismo de esquerda que, através da Teologia da Libertação.

Os católicos progressistas estavam denunciando a opressão militar para o mundo inteiro, além de estar protegendo camponeses, operários, estudantes e sem-teto contra a repressão e a miséria, o conservador Chico Xavier foi designado para desempenhar uma atividade sensacionalista, que "anestesiasse" os brasileiros e fosse um meio de forçar o povo brasileiro a aceitar a ditadura militar, através do "recado consolador" trazido pelo "médium".

Outro fato é que as "cartas mediúnicas" vão contra aquele sábio conselho que se dá no momento do luto pela morte de um ente querido: "não venha consolar com palavras a pessoa em luto". Ou seja, é preciso que as pessoas fiquem quietas e reservadas em seus lutos pessoais, não cabendo supostos conselhos nem pretensas consolações. Dizer para alguém enlutado "Não se preocupe, vai ficar tudo bem" soa bastante ofensivo e pode levar a pessoa em luto ao desespero, provocando o efeito contrário à inicial pretensão de consolação.

Não é o prestígio de Chico Xavier que trará exceção à regra. Seu palavreado em relação ao luto dos que perderam entes queridos é dos mais deploráveis e reprováveis. E são tão severamente reprováveis que contrariam a Codificação espírita, que vê o risco de estimularem sentimentos obsessivos e fazer prolongar os lutos familiares por mais tempo.

Um luto que poderia durar uns três dias é capaz de durar meses com a intromissão de Chico Xavier. Expõem de maneira indevida as famílias que precisam viver em privacidade, transformando seus sofrimentos em matéria sensacionalista, para a diversão de apresentadores de TV que tanto glamourizam o "mundo cão" da violência assassina quanto se identificam com o conservadorismo religioso mistificador, cujo exemplo de Chico Xavier é um dos mais famosos.

Isso acaba representando um grande mal para as famílias, mesmo com a suposição - que constatamos ser falsa - de que os falecidos "estão numa vida melhor". Além disso, as reuniões onde se produzem as "cartas mediúnicas" são dotadas do mesmo clima emocional tóxico das orgias das festas mundanas, por mais que se capriche no aparato de "ambientes serenos e equilibrados" que as "casas espíritas" que divulgam essas mensagens tentam manter.

JOSÉ HERCULANO PIRES "ATIROU" EM UM E ACERTOU DOIS

Essas descrições acima mostram que Chico Xavier nunca e em nenhum momento fez a tão alardeada caridade. Não há prova alguma de algum ato nesse sentido e as fotos que existem são poucas, com o "médium" inspecionando atividades filantrópicas alheias ou o soberbo ritual do "médium" oferecendo sua mão, feito um paxá, para ser beijada por mulheres pobres, submissas e tristemente resignadas, pondo em xeque a tão festejada humildade do beato do Triângulo Mineiro.

Sobre a suposta "caridade" de Chico Xavier, da qual deve-se duvidar até mesmo do suposto "reconhecimento mundial" do "médium", adorado apenas por uma minoria de imigrantes brasileiros no exterior e alguns estrangeiros mais ingênuos. Mesmo as supostas façanhas "científicas" tão ridiculamente atribuídas ao "médium" foram publicadas por periódicos científicos de baixíssima expressão nos meios acadêmicos mais sérios e competentes.

Com a grandeza com que se supõe essa "caridade", seria esperado que o Brasil ou, pelo menos, o Triângulo Mineiro, atingissem padrões de vida humana comparáveis aos da Escandinávia. Mas nada disso aconteceu. Com tanta idolatria a Chico Xavier, cujo memorial alimenta até o turismo religioso em Uberaba, a cidade mineira despencou mais de 100 colocações em Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas entre 2000 e 2010, ano do centenário de nascimento do "médium". Atualmente Uberaba se equipara ao padrão medíocre de cidades de menor expressão no interior paulista.

Quanto ao pretexto da "caridade" para justificar o "culto à personalidade" que se dá a Chico Xavier, o que é estranho para a natureza de um verdadeiro médium - que, nos tempos de Allan Kardec, era quase anônimo e não era alvo de idolatria - , José Herculano Pires, crítico da deturpação espírita mas amigo do "médium" mineiro (mas, lembremos: "amigos, amigos, negócios à parte"), escreveu a respeito de outro suposto médium, Divaldo Franco, em carta a um amigo jornalista, nos anos 1970:

"Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (...); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".

Embora Herculano escrevesse sobre Divaldo e adotasse, em Chico Xavier, uma atitude mais complacente - houve até tentativas de Herculano e Xavier lançarem livros juntos, o que fracassou - , as frases acima descritas mostram que o jornalista que traduziu fielmente os livros kardecianos tentou "atirar" em um "médium" e acertou dois.

Afinal, as frases acima também podem ser relacionadas a Chico Xavier, através da linguagem rebuscada, da comercialização da palavra, da conduta "mediúnica" reduzida ao plágio e ao pastiche e sujeita a interferências (como o ufanismo blazê de Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho). E, principalmente, a conduta condenável na caridade, que Chico Xavier usou como disfarce para abafar as práticas fraudulentas e reacionárias, usando a "ajuda ao próximo" como escudo para acobertar tudo o que há de negativo em sua trajetória. Até mesmo a morte suspeita do sobrinho Amauri Xavier.

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