Tão perigosas as paixões do deslumbramento religioso. O pretexto da humildade, da bondade, da luminosidade e da pureza emocional nada são, senão formas de disfarçar verdadeiras armadilhas que a fé cega traz nas pessoas.
O "espiritismo", que deturpa severamente o legado de Allan Kardec, se preocupa em dar todo um aparato de "pureza" e "elevação moral", porque sabe que precisa acobertar seu rol de fraudes gravíssimas e crimes de lesa-doutrina, lançando ideias, conceitos e práticas que deixariam o pedagogo francês envergonhado.
Por isso os "espíritas" brasileiros se preocupam em ter a posse da verdade, criando um balé de palavras bonitas e apelos supostamente bons. Para condenar a diversidade de pensamentos e as individualidades humanas, usam a desculpa de que "somos todos irmãos". Para justificar a desgraça que os infelizes da sorte sofrem, usam a desculpa da "vida eterna". Para deixar impunes as fraudes supostamente mediúnicas - não nos esqueçamos que as fraudes começaram com Chico Xavier! - , usa-se a desculpa da "bondade" e do "amor".
Ah, são tantas e tantas armadilhas, tanta benevolência de fachada sob a qual se escondem armadilhas e venenos traiçoeiros! Quantos livros que mascaram a falsidade ideológica caprichando nas "lições de vida" e "mensagens de amor", para distrair o desavisado e evitar que ele identificasse as irregularidades sérias que a obra atribuída falsamente a um autor morto traz em relação aos aspectos pessoais que este mesmo finado deixou em vida.
O que as paixões religiosas do deslumbramento, da fé cega, de toda a magia de palavras lindas e toda a aura de fantasias justificada por uma concepção materialista e grotesca de "bondade", como uma virtude aprisionada pelo institucionalismo religioso, uma "bondade" presa em quatro paredes e restrita a atos de fachada que tão poucos beneficiados trazem, mas encantam pelo espetáculo que se representa tudo isso.
Ídolos religiosos têm suas fotos recortadas digitalmente para serem inseridas em paisagens floridas ou em céus azulados de nuvens brancas feito algodão. Chico Xavier endeusado pelo nada que fez de concretamente benéfico, e por tantas irregularidades terríveis que teve, fazendo julgamento de valor contra os humildes mortos de um incêndio criminoso num circo em Niterói e contra os amigos do jovem afogado de Campinas, Jair Presente. E ainda defendendo a ditadura militar, em sua pior fase.
E isso para não dizer a barbaridade que Chico Xavier fez com Humberto de Campos, provavelmente se vingando de uma resenha cheia de ironias que o autor maranhense fez em vida. Usurpou o nome dele criando um estilo literário completamente diferente e cheio de erros de linguagem, embora forçadamente erudito. Criou uma narrativa diferente e rebaixou Humberto a um misto medíocre de jornalista e padre, criando livros de escrita pesada, depressiva e difícil de se ler.
Diante dessa aberrante desfiguração, o que Chico Xavier recebeu? A mais absoluta impunidade! Foi beneficiado por um empate jurídico que fez seu mito crescer vertiginosamente. Seduziu a mãe de Humberto de Campos, se valendo do ponto fraco da saudade dela do filho morto. Seduziu o filho do mesmo escritor, que lhe herdou o nome, com caridades de fachada num "centro espírita" em Uberaba. Chico Xavier podia roubar doce de criança que era santificado do mesmo jeito.
Ele foi beneficiado pelas paixões religiosas das pessoas. Paixões tão traiçoeiras e levianas do que milhões de orgias. Chico Xavier era a "única mentira" aceita no suposto espiritismo brasileiro. O fanatismo dos seguidores de Chico Xavier criava verdadeiros psicopatas, que na Internet recorriam a comentários irônicos, jocosos e até a carteiradas para defender seu ídolo religioso e sua "bondade" que serve mais de espetáculo do que de algo realmente benéfico para a humanidade.
Com tantos bons exemplos para se admirar, seguir, conhecer e aprender fora desse "espiritismo" que esconde seu roustanguismo debaixo do tapete, as pessoas que se julgam desapegadas mantém um apego doentio a Chico Xavier, Divaldo Franco e tantos outros. Essas pessoas, que se julgam desobsediadas, mantém a obsessão doentia por esses ídolos religiosos, reagindo com fúria contra qualquer questionamento, por mais construtivo e objetivo que seja.
Mil orgias não conseguem mostrar paixões materialistas tão fortes. A ideia de "bondade" como uma virtude presa nas quatro paredes de um "centro espírita", na forma material das sopas ruins, das roupas doadas sujas e com remendos ou rasgos, dos pobres resignados que até aprendem a ler, escrever e trabalhar um ofício, desde que acreditem em bobagens como "cidades espirituais" e "crianças-índigo" que Allan Kardec nunca defenderia em suas obras.
Tudo isso é bem mais materialista do que qualquer materialismo. Mesmo a desvalorização da vida carnal, já que os "espíritas" pouco são sensíveis ao sofrimento humano, pouco preocupados com o desperdício de encarnações com acúmulos de desgraças - enquanto pessoas de caráter pior vivem em privilégios sem fim - , sob a desculpa da "verdadeira vida", é materialista.
Afinal, a oportunidade perdida da encarnação, é, na verdade a consagração da brutalidade da matéria, na qual as pessoas não podem intervir, sendo "aconselhadas" a aceitar o sofrimento e as dificuldades acima dos limites, impostas como remédios acima da dose. E depois os "espíritas" não gostam quando pessoas desejam se suicidar ou desenvolvem o ódio e a revolta. Fazem-as sofrer, mas depois apelam para elas serem "felizes", "mudar o pensamento", "ter esperança na vida".
Quantas paixões perigosas, traiçoeiras, levianas e arriscadas existem sob o manto de uma religião. A ausência das fortunas terrenas como o ouro e as finanças modernas, das orgias terrenas dos corpos em recreio sexual desenfreado, do arrivismo material da busca feroz pelo tesouro terreno, não quer dizer falta de vaidades doentias e materialismo voraz.
Pelo contrário. Os "espíritas" brasileiros e seus consortes em outros países, deturpadores violentos do legado de Allan Kardec, são os que mais buscam tesouros, fazem orgias e cometem arrivismo. O exemplo de Chico Xavier que, de um realizador de pastiches literários, com muitos casos confirmados de plágios grosseiros, virou um quase "deus", é ilustrativo disso.
E a "bondade" espetacularizada, o balé das lindas palavras, o aparato de coisas lindas, não resolve a situação, porque a deturpação que desmoralizou o legado de Kardec e o transformou numa grande piada é cruel demais para que nós esqueçamos tudo e nos comportemos como "irmãos" sem individualidade, o que nos faz desconfiar se a palavra "fraternidade" não é pretexto para "rebanho", para que tenhamos um comportamento bovino para tudo na vida?
Os "espíritas" têm que caprichar em tudo que pareça bonito para evitar qualquer culpabilização pela deturpação terrível e pelas fraudes pretensamente mediúnicas que se realizam sem o estudo sério do magnetismo de Mesmer e a leitura atenta aos livros kardecianos.
Os "espíritas" brasileiros chegam a bajular o espírito Erasto, que falou sobre os traidores do Espiritismo, mas se esquecem que ele mesmo alertava sobre o cuidado que temos que ter com as "coisas boas" dos mistificadores, porque é a partir delas que a manipulação e a deturpação do Espiritismo se torna ainda mais perigosa.
Mas ninguém ficou vigilante e todos se deixaram levar pela deturpação da Doutrina Espírita feita e ampliada por Chico Xavier e seu sem-número de adeptos. Isso se torna pior e muito mais grave quando se usa o pretexto da "bondade" como cúmplice para todo esse tipo de farsa. Como se o amor pudesse permitir a mentira, a fraude, a mistificação. Só que o amor não pode ser servo da desonestidade.
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