Para quem acha que o "Espiritismo" brasileiro é caridoso, progressista, intelectual e outras coisas boas, sem enxergar o que é feito na prática, vai estranhar a declaração. Mas para quem conhece os bastidores da deturpada doutrina que bajula Allan Kardec mas beija os pés (e a boca) do "ignorado" Jean Baptiste Roustaing (pouco lembrado mas muito seguido pelo "espíritas" cristãos), sabe que a declaração é a mais adequeda possível.
A declaração, dada meses atrás por um jornal "espírita" carioca, classificou o protesto das elites com o pato amarelo da FIESP como "politização do povo brasileiro" e "início da regeneração terrestre" num afã desesperado de tentar confirmar a profecia do "deus" Chico Xavier, o "colecionador de qualidades". Confirmar a tola profecia do médium-beato católico é uma maneira de canonizá-lo e manter de pé a versão deturpada da doutrina, gerando muita renda para suas lideranças.
Só que os protestos "verdes e amarelos" foram organizados por partidos conservadores com a ajuda de instituições poderosas, como empresas de porte gigantesco, a mídia corporativa, grupos religiosos e - pasmem - instituições fascistas, estas as mais empenhadas e influentes nos protestos.
É para ficar preocupado. Extremamente preocupado. Até a saudação nazista foi feita durante as manifestações, o que serve como alerta de que os protestos anti-petistas estão bem longe de ser pró-humanistas e pró-democracia. E mais longe ainda de significar "politização e o progresso espiritual da humanidade".
Um livro "espírita" de conteúdo fascista foi escrito por um jovem médium na tentativa de legitimar as manifestações de direita. sabe-se muito bem que setores religiosos ligados a certas teologias, sonham em uma teocracia, para que alguns avanços sociais, contrários a muitos dogmas religiosos, sejam interrompidos.
Os "espíritas", os evangélicos e setores neo-medievais da Igreja Católica se empenham em apoiar o golpe para que seus dogmas sejam respeitados e impostos a toda a sociedade, mesmo a que não segue nenhum tipo de crença. Apenas a Igreja Católica, em setores mais progressistas, se declarou abertamente contra o golpe.
Os "espíritas", tão metidos a racionais e progressistas, se encolheram em seus centros a orar e falar besteira. Majoritariamente elitista, o "Espiritismo" brasileiro se situa na tranquilidade de ver um grupo de desafetos (O Partido dos Trabalhadores, responsável pela boa fase de desenvolvimento que o país se encontrava, mas foi sabotado pelos partidos de direita presentes no Congresso) fora do poder.
O Brasil se prepara para entrar em uma caótica ditadura e nenhum "espírita": eu disse NENHUM se pronunciou publicamente para demonstrar preocupação com os tempos tenebrosos que estão por vir para a sociedade brasileira, num festival de injustiças que arruinará o desenvolvimento do país. Ao invés disso, escrevem textos e mais textos pedindo para aceitar o sofrimento, numa demonstração implícita de total apoio a ditadura golpista que se instalou no país.
Interessante que os "espíritas" ricos pedem para os pobres aceitarem o sofrimento que os mesmos ricos não aceitariam. Cometem a hipocrisia de dizer que mendigos são "prósperos" e magnatas são "sofredores", para que as injustiças resultantes da desnivelada distribuição de renda seja mantida.
Esta é a verdadeira face do "Espiritismo" brasileiro, uma doutrina cara-de-pau mergulhada na ilusão e que ao invés de praticar a verdadeira bondade, a usa como capa para esconder as suas deformidades de caráter que faz com que as suas lideranças e seguidores apoiem um governo sádico, excludente e que poderá enfiar o Brasil para dentro da areia movediça, fazendo com que somente as "sofredoras" elites conheçam de fato a prosperidade que se recusam a repartir com as classes mais "inferiores".
Se o golpe serviu para alguma coisa boa, foi para mostrar que o "Espiritismo" brasileiro é uma farsa. Impossível avançar o progressos espiritual sendo bastante retrógrado e excludente.
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