Arredio, mal-humorado, chato, entediante, irritante, insuportável, pessimista. "Xi... Lá vem aquele cara que reclama demais". "Ih, lá vem aquele insuportável de novo". "Olha, é aquele que pensa em tal coisa daquela forma". São essas algumas das declarações nas mídias sociais contra aqueles que costumam questionar sobre uma gama muito grande de assuntos.
O Brasil passou por retrocessos mas a onda agora é aderir e se conformar com a mediocridade sócio-cultural e o autoritarismo político. Buscar a "felicidade" pelos vídeos "engraçados" na Internet, pelas fotos com amigos em bares mais sofisticados, em comprar livros para colorir e transformar as relações entre amigos num festival de stand up comedy, ou talvez de sit down comedy, para quem quiser ficar sentado durante a rodada de cerveja ou vinho ou qualquer outra "birita".
Nas mídias sociais, em especial o Facebook, é praticamente proibido expressar um senso crítico para uma gama muito grande de assuntos. O mais surreal disso tudo é que é permitido até chamar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva de "ladrão", mas dizer por exemplo que a cultura popular sofre uma decadência é certeza de que, pelo menos, metade dos amigos se afastará do contestador ou irá ignorá-lo de alguma forma.
A discriminação de pessoas com senso crítico é uma constante nos últimos 20 anos. A tendência é acreditar que, ficando com o bico calado, o Brasil possa ter mais chances de se desenvolver. Absurda a tese de que tenhamos condição de crescer com as vozes sufocadas, mas essa ideia prevalece e torna-se motivo até para as trolagens que ocorrem nas mídias sociais.
No Rio de Janeiro, mas também no Brasil - geralmente, nas regiões Sul e Sudeste - , quem questiona muitas coisas, mesmo com brilhantismo, sofre muito preconceito. É chamado de "arredio" até mesmo a xingações pesadas por palavrões. Mesmo quem concorda em boa parte do que o contestador de plantão expõe, também se incomoda com ele.
Em compensação, vivemos tempos em que a cultura se imbeciliza de tal maneira que, num mercado de livros, que obviamente servem para serem lidos, títulos de livros para colorir frequentam as listas dos mais vendidos, chegando mesmo a altíssimas colocações e ocupando uma média de três títulos para cada vinte livros listados.
A complacência e o contentamento, num país em que raciocinar, um dom que a espécie humana recebeu da Natureza, é visto por muitos como "um mal" - basta ver, no caso do "espiritismo" brasileiro, a convicção arrogante dos que incriminam Allan Kardec por seu "excesso de lógica" - , o que se trata de uma reação surreal e só típica do Brasil. Essa atitude da "boa sociedade" só perde, em aversão à inteligência questionadora, ao Estado Islâmico e similares.
Perto das Olimpíadas, as pessoas fogem de quem tem senso crítico - isso quando não são os internautas troleiros que partem para a ignorância (em todos os sentidos) - precisam criar um aparato de "felicidade" e "bem estar" com o medo de que os questionamentos, múltiplos, causem alguma instabilidade.
Alguns motivos podem ser identificados:
1) Boa parte dos membros mais influentes nas mídias sociais são pessoas dotadas de algum privilégio social, ou, quando muito, são simpatizantes dos que são privilegiados;
2) Tiveram educação conservadora em sua família, vários são até seguidores de seitas religiosas (sobretudo evangélicos e "espíritas"), e acham que o silêncio é a melhor voz para atrair qualquer benefício na vida, o que faz alterar a famosa frase religiosa: "Não pedi, e obtereis";
3) Vivem em regiões que durante décadas foram sinônimos de prosperidade, modernidade e exerciam para o resto do país uma reputação que misturava vanguarda, exotismo, modelo de eficiência e amplitude urbana e social;
4) Acreditam na superioridade dos detentores de privilégios e poder. Atribuem até mesmo poder divino para quem tem diploma, visibilidade, fortuna e poder político. Mesmo que suas decisões e procedimentos resultem no quadro desastroso (digamos, até deplorável) dos últimos anos, afetando até mesmo a cultura, a mobilidade urbana e a vida social, as pessoas ainda acham que os "caras de cima" têm alguma razão para que tais "transtornos" aconteçam, em prol de "benefícios futuros".
5) Acham que estão ocupados e estressados demais para se preocuparem com tantos problemas, daí a fuga para um entretenimento cada vez "mais feliz". Ignoram que, se aderirem a tais questionamentos, podem criar uma base de apoio para que contestadores combatessem esses problemas expostos.
Só que o tiro sai pela culatra e, em vez da "moçada feliz" expressar alta reputação na opinião pública, ela demonstra na verdade transformar as mídias sociais em "cavernas de Platão", de pessoas isoladas vivendo em ilusões. Ou seja: as mídias sociais tornaram-se um reduto do "autismo coletivo", em que pessoas preferem ficar felizes em situação de crise e reagem irritadas contra quem quer apenas chamar a atenção para os erros que precisam ser corrigidos ou combatidos.
Curiosamente, muitos, incapazes de serem bons e fraternos por conta própria - só são "amigos" do pobre coitado se ele gastar seu parco dinheirinho para ir às boates onde "sua turma" no Facebook se encontra, geralmente de noite e com difícil (para não dizer trágico) trajeto de volta para casa - publicam felizes da vida as frases conservadoras de Francisco Cândido Xavier, o "São Chico Xavier dos Incautos" que o "espiritismo" brasileiro tanto cultua.
Se apoiam num totem e sua imagem discutível de "amor e bondade" porque não podem ser bons por si só. E ainda caem em delírio com ideias do tipo "se você sofre, não reclame, apenas ore, porque os pássaros continuam cantando como sempre cantaram", como se o "bondosamente" sádico Chico Xavier tivesse prazer em ver as pessoas sofrendo e, como um imitador do Amigo da Onça, forja falsa gentileza.
Especialistas afirmam que as chamadas "redes sociais", contrariando promessas e expectativas dos tempos em que elas eram novidades, tornaram-se reduto do mais ferrenho conservadorismo, de pessoas amigas "desconfiadas" de quem não frequenta as mesmas boates do que elas, não bebem bebida alcoólica, não curtem futebol e não seguem dogmas religiosos.
Segundo os especialistas, as "redes sociais" desmascaram a ilusão "libertária" dos tempos em que elas eram novidade, revelando até mesmo manifestações obscurantistas, reacionárias e até mesmo criminosas, como no caso da trolagem. Em muitos casos, o Facebook e o YouTube se converteram, pelos frequentadores brasileiros, em sucursais do antigo Comando de Caça aos Comunistas ou do pseudo-instituto IPES, famosos durante a ditadura militar.
Só falta mesmo haver uma comunidade chamada "Joseph McCarthy é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo", em alusão ao reacionário senador estadunidense que inspirou o termo "macartismo". Só que aí seria sinceridade demais, considerar "amigo" um homem como esse. E ainda mais quando a regra das mídias sociais costuma ser a dissimulação.
No Rio de Janeiro, mas também no Brasil - geralmente, nas regiões Sul e Sudeste - , quem questiona muitas coisas, mesmo com brilhantismo, sofre muito preconceito. É chamado de "arredio" até mesmo a xingações pesadas por palavrões. Mesmo quem concorda em boa parte do que o contestador de plantão expõe, também se incomoda com ele.
Em compensação, vivemos tempos em que a cultura se imbeciliza de tal maneira que, num mercado de livros, que obviamente servem para serem lidos, títulos de livros para colorir frequentam as listas dos mais vendidos, chegando mesmo a altíssimas colocações e ocupando uma média de três títulos para cada vinte livros listados.
A complacência e o contentamento, num país em que raciocinar, um dom que a espécie humana recebeu da Natureza, é visto por muitos como "um mal" - basta ver, no caso do "espiritismo" brasileiro, a convicção arrogante dos que incriminam Allan Kardec por seu "excesso de lógica" - , o que se trata de uma reação surreal e só típica do Brasil. Essa atitude da "boa sociedade" só perde, em aversão à inteligência questionadora, ao Estado Islâmico e similares.
Perto das Olimpíadas, as pessoas fogem de quem tem senso crítico - isso quando não são os internautas troleiros que partem para a ignorância (em todos os sentidos) - precisam criar um aparato de "felicidade" e "bem estar" com o medo de que os questionamentos, múltiplos, causem alguma instabilidade.
Alguns motivos podem ser identificados:
1) Boa parte dos membros mais influentes nas mídias sociais são pessoas dotadas de algum privilégio social, ou, quando muito, são simpatizantes dos que são privilegiados;
2) Tiveram educação conservadora em sua família, vários são até seguidores de seitas religiosas (sobretudo evangélicos e "espíritas"), e acham que o silêncio é a melhor voz para atrair qualquer benefício na vida, o que faz alterar a famosa frase religiosa: "Não pedi, e obtereis";
3) Vivem em regiões que durante décadas foram sinônimos de prosperidade, modernidade e exerciam para o resto do país uma reputação que misturava vanguarda, exotismo, modelo de eficiência e amplitude urbana e social;
4) Acreditam na superioridade dos detentores de privilégios e poder. Atribuem até mesmo poder divino para quem tem diploma, visibilidade, fortuna e poder político. Mesmo que suas decisões e procedimentos resultem no quadro desastroso (digamos, até deplorável) dos últimos anos, afetando até mesmo a cultura, a mobilidade urbana e a vida social, as pessoas ainda acham que os "caras de cima" têm alguma razão para que tais "transtornos" aconteçam, em prol de "benefícios futuros".
5) Acham que estão ocupados e estressados demais para se preocuparem com tantos problemas, daí a fuga para um entretenimento cada vez "mais feliz". Ignoram que, se aderirem a tais questionamentos, podem criar uma base de apoio para que contestadores combatessem esses problemas expostos.
Só que o tiro sai pela culatra e, em vez da "moçada feliz" expressar alta reputação na opinião pública, ela demonstra na verdade transformar as mídias sociais em "cavernas de Platão", de pessoas isoladas vivendo em ilusões. Ou seja: as mídias sociais tornaram-se um reduto do "autismo coletivo", em que pessoas preferem ficar felizes em situação de crise e reagem irritadas contra quem quer apenas chamar a atenção para os erros que precisam ser corrigidos ou combatidos.
Curiosamente, muitos, incapazes de serem bons e fraternos por conta própria - só são "amigos" do pobre coitado se ele gastar seu parco dinheirinho para ir às boates onde "sua turma" no Facebook se encontra, geralmente de noite e com difícil (para não dizer trágico) trajeto de volta para casa - publicam felizes da vida as frases conservadoras de Francisco Cândido Xavier, o "São Chico Xavier dos Incautos" que o "espiritismo" brasileiro tanto cultua.
Se apoiam num totem e sua imagem discutível de "amor e bondade" porque não podem ser bons por si só. E ainda caem em delírio com ideias do tipo "se você sofre, não reclame, apenas ore, porque os pássaros continuam cantando como sempre cantaram", como se o "bondosamente" sádico Chico Xavier tivesse prazer em ver as pessoas sofrendo e, como um imitador do Amigo da Onça, forja falsa gentileza.
Especialistas afirmam que as chamadas "redes sociais", contrariando promessas e expectativas dos tempos em que elas eram novidades, tornaram-se reduto do mais ferrenho conservadorismo, de pessoas amigas "desconfiadas" de quem não frequenta as mesmas boates do que elas, não bebem bebida alcoólica, não curtem futebol e não seguem dogmas religiosos.
Segundo os especialistas, as "redes sociais" desmascaram a ilusão "libertária" dos tempos em que elas eram novidade, revelando até mesmo manifestações obscurantistas, reacionárias e até mesmo criminosas, como no caso da trolagem. Em muitos casos, o Facebook e o YouTube se converteram, pelos frequentadores brasileiros, em sucursais do antigo Comando de Caça aos Comunistas ou do pseudo-instituto IPES, famosos durante a ditadura militar.
Só falta mesmo haver uma comunidade chamada "Joseph McCarthy é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo", em alusão ao reacionário senador estadunidense que inspirou o termo "macartismo". Só que aí seria sinceridade demais, considerar "amigo" um homem como esse. E ainda mais quando a regra das mídias sociais costuma ser a dissimulação.
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